"O Brasil passou a ser destino preferido dos cristãos-novos (judeus sefarditas obrigados à conversão ao catolicismo) que, escapando das fogueiras inquisitoriais, se aventuraram e cruzaram desconhecidos oceanos em busca de um lugar seguro e de paz, distante dos Tribunais portugueses. De fato, os cristãos-novos foram um dos primeiros grupos colonizadores do Brasil. Hoje, sabe-se que mais de 70% das vítimas da Inquisição luso-brasileira foram de judeus conversos, conhecidos pela alcunha de marranos ou cristãos-novos, acusados por crime de judaísmo, pois, secretamente, praticavam alguma crença ou tradições judaicas em seus domicílios. Renomados historiadores afirmam que milhões de brasileiros são descendentes desses cristãos-novos. Em fevereiro de 2015, o Governo português criou a Lei 30A, que dá o direito à cidadania portuguesa por naturalização para todos os descendentes de judeus sefarditas. Milhares de brasileiros já obtiveram esta cidadania por meio de levantamento genealógico. A Abradjin (Associação Brasileira de Descendentes de Judeus da Inquisição), criada em 2000 e o Museu da História da Inquisição, 2012, já vinham auxiliando seus associados no resgate de suas raízes sefarditas. Com o advento da Lei 30A/2015, mais de 1000 de nossos associados se tornaram cidadãos portugueses. Porém, a maioria ainda desconhece sua própria origem. Dentre os amigos que trabalham e apregoam o resgate da identidade sefardita temos o "RAÍZES SEFARDITAS" presidido eficientemente pela Dra. Carolina Heringer, a quem cumprimentamos pelos êxitos obtidos. A história do povo judeu está entrelaçada na formação do povo brasileiro e isto tem nos mostrado que é possível alcançar um convívio tolerante e enriquecedor para construir uma sociedade mais segura e saudável, alicerçada na paz e na esperança de dias melhores."

Marcelo M. Guimarães - Fundador do Museu da História da Inquisição
Belo Horizonte-MG